Orientar sobre exercício físico pode ser ineficaz
- santos-lobato
- 20 de mar. de 2023
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Foi realizado um ensaio clínico randomizado de orientação sobre atividade física na atenção primária que focou em aconselhamento.
O título do artigo é: "Advising people to take more exercise may be innefective", o que traduzido é: ""Orientar pacientes para realização de exercício pode ser ineficaz.
Esse estudo envolveu três grupos.
1. O primeiro grupo recebeu orientação direta,
2. O segundo grupo recebeu orientação a partir da negociação
3. O terceiro grupo era um controle, onde os médicos tratavam os pacientes de maneira usual: "Pegue essa prescrição e leve para a casa".
No grupo de orientação direta, o médico fornecia a orientação da seguinte forma:
“Exercício é bom para você. Ele pode ajudar seu coração, seus pulmões, seu cérebro. Ele ajuda em tudo. Você precisa tornar o exercício uma prioridade na sua vida e simplesmente começar a fazer.”
Por outro lado, os médicos que fizeram negociação neste projeto eram orientados a realizar perguntas abertas. O objetivo primário era conhecer as informações sobre as atuais ações do próprio paciente.
Os médicos que faziam uma negociação geralmente perguntavam algo do tipo:
"Como está atualmente sua rotina de exercícios?"
Na medida em que o paciente respondia que não estava fazendo nenhum exercício, o médico iniciava a negociação.
“Verdade? Você não está fazendo nenhum exercício? O que está acontecendo?
Nesse ponto, eles começavam a conversar sobre as barreiras que aquele paciente estava enfrentando com relação a atividade física.
Então o médico introduzia o assunto relacionando com o atual diagnóstico do paciente:
"Você tem diabetes. Você sabe que o exercício poderia ajudar e muito você a controlar o seu diabetes? Você sabe qual o exercício que seria mais indicado para você nesse caso?""
E assim, com perguntas abertas eles iam negociando sobre o novo hábito.
Nos dois grupos os médicos e os pacientes conversaram pelo mesmo período, cerca de meia hora. O tempo de consulta precisava ser o mesmo para não gerar nenhum viés.
Ao final da consulta, todos os pacientes dos grupos experimentais, tanto no grupo de orientação direta quanto no de negociação saiam da consulta com uma prescrição de atividade física.
Por outro lado, os médicos do grupo controle não mudavam a forma como tratavam seus pacientes. Eles também não fizeram nenhum aconselhamento específico para o paciente sobre seu nível de atividade física. Em adição eles eram orientados a não gastar mais do que meia hora de tempo extra com o paciente.
Quando o estudo foi concluído, os pacientes se mantiveram em avaliação de follow up, com relação ao seu nível de atividade física a partir da primeira visita.
Os resultados revelaram que os pacientes no grupo de negociação aumentaram significativamente os minutos da prática em atividade física.
Por outro lado, o grupo de orientação direta não teve nenhum minuto a mais do que a rotina de exercícios do grupo controle.
Esse estudo sugere fortemente que se o médico for tirar algum tempo para avaliar o estilo de vida dos pacientes, utilizar o método da negociação é sempre a melhor prática.
Referência:
DOI: 10.1093/ije/31.4.808
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